quarta-feira, janeiro 24, 2007

11 de Fevereiro com consciência social

A Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) - ou aborto - é uma questão de uma respeitável complexidade. Costumo comparar este assunto e o flagelo dele resultante à criminalidade associada às drogas. Com a diferença (além das evidentes) que no combate às drogas não há uma questão ‘moral’ de fundo.

Mas, tal como questão das drogas, há o mesmo número de confusões, preconceitos e visão curta que tornam a discussão tanto mais desagradável quanto maior fôr o número de interlocutores. Há também a tendência de generalizar a partir de casos isolados (tipicamente casos extremos e raros) de forma a baralhar a discussão.

Eu aqui evitarei essas tácticas argumentativas comuns. O meu objectivo é fazer o leitor indagar na questão de um outro ângulo e não sugerir uma orientação de voto. No final farei um pequeno comentário aos posts que Prof. Pedro Arroja tem escrito sob o assunto no Blasfémias.

A pergunta do referendo é basicamente se concordamos com a IVG até às 10 semanas. Isto é, se concordamos que em certas situações (previstas pela legislação ainda a definir mais precisamente - por exemplo na Alemanha, três dias de ponderação obrigatórios estão previstos antes da decisão final), a mulher tenha a possibilidade de interromper (ou parar, para ser mais preciso) a gravidez.

O primeiro erro de interpretação desta pergunta tão simples quanto ambígua (quais as políticas de planeamento e prevenção a adoptar?) que tenho observado é pensar-se que o governo está a consultar a opinião de cada eleitor para assim definir uma 'moral'. Por outras palavras, esta interpretação assume que:

1. Se o 'sim' ganhar, significa que venceu a ideia de que abortar é uma coisa natural;
2. Se o 'não' ganhar é porque prevaleceu a ideia de que a vida do feto é sagrada.

Esta interpretação não faz sentido. Não fomos chamados a um referendo a realizar dia 11 de Fevereiro para definir uma tabela de valores, ou para ajudar a comunidade científica a decidir se existe 'vida' num feto de 5 semanas e se esta vida é sagrada, ou não. Esta comunidade dispensa bem (e ainda bem) a opinião dos leigos.

Isto que acabo de dizer é trivial, mas tenho visto licenciados a raciocinar nestes termos. Esta atitude é pouco solidária, pois o aborto é uma realidade que afecta a sociedade como um todo e, como tal, deve ser pensada com consciência social e não de forma egocêntrica e moralista.
Nota: A única crítica negativa a esta interpretação da pergunta é negar-se a realidade triste a que assistimos nos países mais pobres e em Portugal em matéria de aborto, pelo que vou assumir que o leitor aceita a validade do meu raciocínio.
Mais ainda; não existe um consenso científico acerca do momento em que o feto passa a ser uma 'vida humana' em pleno direito.
Nota: Há essencialmente duas perspectivas:

1. A vida humana começa mal haja a junção dos cromossomas do homem e mulher, i.e. aquando do encontro do óvulo e espermatozóide. 2. A vida começa na concepção, mas só é 'humana' quando o feto desenvolve o sistema nervoso central entre outras faculdades, de forma a que possa sentir o seu ambiente com uma consciência distinta do ser humano (diferente da de um animal irracional que também a tem). Assim um feto com 5 semanas, por exemplo, é um ser vivo com potencial humano, no sentido que irá ser um ser humano em breve.

Apesar de achar esta discussão entre a fronteira da Ciência e Filosofia muito estimulante, vou deixá-la de parte visto ser como sabores de um gelado ou doutrinas cristãs; cada um escolhe o que preferir, sem deixar que daí resulte confusão para a sociedade ou motivos para 'guerras'.
Estando razoavelmente claro que as questões de ordem moral não são as mais relevantes para atacar este problema, qual a interpretação correcta a fazer-se da questão do referendo e como decidir o que votar, então?

A minha sugestão é: qual das opções 'sim' ou 'não' e as devidas consequências socio-políticas vai diminuir, a médio e longo prazo, o número de abortos total [*] no País? O voto deve ser concordante com a resposta que encontrarmos.

Antes de continuar vou dar a referência principal para os dados que vou mencionar: o blogue a cargo de Gisela Nunes que, apesar de ser um blogue do 'sim', tem imensa informação de legislação e dados sobre Portugal e o resto da Europa.

Vamos agora analisar alguns argumentos (esquecendo os de ordem moral) de cada lado com um pouco mais de pormenor. Entre chavetas encontram a minha crítica.

O lado do não:

I. Se o 'sim' ganhar, o aborto será banalizado aumentando o número total de abortos, logo é negativo para a sociedade.

II. Se o 'não' ganhar, far-se-à políticas de prevenção que ajudarão a diminuir o número total de abortos, o que é positivo.
{(I) Este cenário é tão pessimista que se torna irrealista. Os jovens e adultos dificilmente usarão o aborto como uma segunda pílula do dia seguinte. (II) Algo duvidoso. Não foi o que Guterres e outros pensaram há 7 anos atrás?}
O lado do sim:

I. Se o 'não' ganhar nada mudará. Não mudou desde o último referendo realizado em 1998, pelo que a inércia provavelmente mantêr-se-à. {este argumento é o mesmo que o anterior}

II. Se o 'sim' ganhar e as medidas correctas (ver exemplo abaixo) forem adoptadas, tal como na França ou Alemanha (ver Blasfémias ou o blogue de Gisela Nunes), serão identificadas as causas com mais precisão, podendo dar-se um feedback activo à sociedade (por exemplo, no meio escolar) de forma a atacar essas causas.
{(I) Portugal não é a França ou a Alemanha. Não tem os meios financeiros par executar todas as medidas desejáveis de forma célere e ao mesmo tempo. Apesar disto, a pressão no Governo após os primeiros números oficiais sairem será tanta que terão de o executar. (II) Concordo. Mais ainda, as estatísticas oficiais oferecerão uma noção mais aproximada da realidade social.}
Exemplo de uma 'medida':

"O aspecto essencial desta proposta está na criação legal de um «período de aconselhamento obrigatório» da responsabilidade de um médico, seguido de um período de reflexão mínimo de três dias da mulher que quer abortar. Ora, considerando que muitos abortos que por aí se fazem se devem à imaturidade das grávidas, sobretudo das mais jovens, à falta de alguém com quem se possam aconselhar, à violenta pressão psicológica a que frequentemente são expostas pelo namorado/companheiro, à falta de informação sobre alternativas, nomeadamente a adopção (que necessitaria de ser legalmente agilizada e desburocratizada), em suma, ao isolamento próprio destas situações, a existência de alguém que pudesse quebrar esse isolamento e sugerir outras alternativas ao aborto, poderá contribuir para uma decisão que não seja a que é aparentemente mais fácil, e diminuir, de facto, os números do aborto em Portugal. Naturalmente, que isto só poderá ocorrer num quadro de despenalização do acto, sem o que ninguém se atreverá a confessar a outrem a sua intenção de praticar um acto ilícito que a pode levar à cadeia."
(Rui, Blasfémias)
Saber o número total de abortos legais é, de per si, um indicador mais fiável do que os números que temos agora, pelo que, ao contrário do sugerido por Pedro Arroja e outros, a (futura) notícia nos meios de comunicação do número de abortos assistidos pelo SNS não incomodará ninguém e só jogará a favor da transparência:

"Os dados oficiais mais recentes indicam que, em 2004, foram realizados 1426 internamentos em hospital por aborto clandestino [...] na sequência de complicações de saúde. [...] Em segundo lugar, a lei actual é ineficaz em dar resposta ao problema do aborto clandestino: as estimativas quanto ao número de abortos clandestinos e realizados anualmente em Portugal apontam para números na casa dos 20 mil."

Tendo dito isto tudo, penso ter dito o suficiente. Espero que este texto tenha contribuido para de alguma forma esclarecer o que está em causa nesta questão do aborto. Acima de tudo espero que quem nunca tenha pensado em termos de realidade social (os abortos nos meios mais pobres no vão das escadas, etc.) e consequências do 'sim' e do 'não', o possa fazer agora.

Para terminar, aqui fica o prometido comentário aos recentes textos publicados no Blasfémias.

É de lamentar que alguém com o conhecimento da sociedade que Pedro Arroja tem, siga a via mais fácil numa discussão desta natureza: lançar poeira para os olhos das pessoas fomentando o medo (sugerindo que se o 'sim' ganhar, o Governo e os apoiantes do 'sim' serão os primeiros a sofrer as consequências mal sejam publicadas as primeiras estatísticas oficiais) e debitando banalidades como 'a Ciência é o novo Jesus Cristo, mas o original é melhor'.

Sugiro a Pedro Arroja que siga o exemplo dos seus colegas do blogue (os do 'sim', 'não' e 'nim') e discuta o essencial! Há quem prefira Jesus Cristo, naturalmente. É bastante mais poderoso; a lei de Arquimedes e a gravidade não deixam a fraca Ciência (que é dependente de todas essas teorias bem testadas) caminhar sobre água! Maldita Ciência que empobrece o espírito...

(fim)

[*]

Paremos um pouco para reflectir. Isto que eu disse faz algum sentido? Este é o momento em que nos deparamos com o pior dos preconceitos: o nosso preconceito. É um bocado como quando estamos ao pé do abismo e nos chamam a atenção.

i. Os que forem mais 'moralistas' tenderão a dizer que não: que interessa o número total de abortos? Interessa o aborto em si como acto!

ii. Os mais pragmáticos e conhecedores da realidade social irão achar o 'acto' em si menos relevante quando comparado com o que os rodeia; não continuam as pessoas a abortar?

Ambos concordarão que o aborto (legal ou ilegal) é uma decisão pesada para uma família e que deve ser apenas feito após bastante ponderação. Deixo ao critério do leitor decidir qual das duas visões (i. ou ii.) é mais justa e solidária.

14 Comments:

At 10:39 da tarde, Blogger Alexandra Valente said...

Nao entendi um pormenor No teu post,mas confesso que voei sobres os parágrafos. Está demasiado grande para o meu estado de espirito hoje :P Por isso resolvi saltar para os "pontos" e ir directo ao que interessa: os prós e os contras.

"....Se o 'não' ganhar nada mudará. Não mudou desde o último referendo realizado em 1998, pelo que a inércia provavelmente mantêr-se-à..."

Numa fase em que se pede mais bom senso e menos demagogismo, falar do futuro como quem fala do passado, parece-me pouco sensato e nada credivel. Falemos do que se sabe, porque de futurismos estamos nós cheios,

á plus.

 
At 11:12 da tarde, Blogger Alexandra Valente said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 8:15 da manhã, Blogger Alexandra Valente said...

Apelo à consciencia de todos os Portugueses que se derijam ás urnas em massa dia 11 de Fevereiro, para que se traduza realmente na vontade da maioria dos Portuguess.

Apelo ainda ao fim do conformismo dos Portugueses do sofá, do futebol e do vinho tinho.

Mas apelo ainda mais, nao aqueles que por insconsciencia imutável ficam em casa, mas sim aqueles que caiem na preguiça de nao usar o seu boletim de eleitor e defendem dia-á-dia o SIM ou o NAO nas conversas de rua, como se da propria vida se tratasse, e no domingo de referendo ficam em casa a dormir até ao meio-dia.

E por fim!! Apelo aqueles que por desleixo das suas obrigações sociais nao se ressenciou sequer...nao podendo exercer as suas convicções numa matéria que é nada mais nada menos que o referendo mais importante desde o de 1998!! Uma pena... :(

 
At 3:33 da tarde, Blogger airesff said...

FJosé,

Esse comentário é despropositado. Se leres o meu texto com atenção repararás que eu não quero saber da tua opinião sobre a questão da "vida versus não vida" num feto. Quero saber sim é como diminuir o número de abortos.

Daniel,

1. Repara que eu disse "provavelmente mantêr-se-à". E disse "provavelmente" porque estava optimista. Na realidade não concebo como a situação (nº de abortos) pode melhorar num quadro que não o da legalização. Uma mulher com dúvidas irá querer informar-se num centro de saúde, sabendo que o aborto é ilegal e condenado pela sociedade? Penso que não. O que acontece geralmente é que a pressão de outros vence e o aborto é feito em qualquer lado (ilegalmente).

Relembro a opinião do Rui no Blasfémias:

"Ora, considerando que muitos abortos que por aí se fazem se devem à imaturidade das grávidas, sobretudo das mais jovens, à falta de alguém com quem se possam aconselhar, à violenta pressão psicológica a que frequentemente são expostas pelo namorado/companheiro, à falta de informação sobre alternativas, nomeadamente a adopção (que necessitaria de ser legalmente agilizada e desburocratizada), em suma, ao isolamento próprio destas situações, a existência de alguém que pudesse quebrar esse isolamento e sugerir outras alternativas ao aborto, poderá contribuir para uma decisão que não seja a que é aparentemente mais fácil, e diminuir, de facto, os números do aborto em Portugal. "

 
At 6:23 da tarde, Blogger _aTucse_ said...

Não é o preço de uma vida que está em jogo, é mesmo a vida de um ser que estão a jogar!

Mas, apesar de tudo, eu respeito a opinião de cada um...!!!


Beijinho Aires*

 
At 3:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Quem nos garante que as medidas de aconselhamento e acompanhamento pré-aborto serão realmente tomadas? Tal como as medidas de prenvenção da gravidez e consequentemente do aborto apenas tiveram um ligeiro impacto, practicamente imperceptivel na sociedade, eu acredito sinceramente que vão existir muitos casos de aborto sem qualquer aconselhamento médico-profissional. Se não se conseguem realizar simples consultas de planeamento familiar, se não se consegue implementar de uma vez por todas uma educação escolar, tão necessária e imprescindível para o crescimento sem tabus da nossa sociedade, como é que se vai fazer um acompanhamento do aborto?

E quando se vive obcecados pela questão do défice das contas públicas, onde se vai arranjar uma margem percentual para a implementação correcta de toda a estrutura de apoio que a despenalização iria obrigar? Ou vamos lançar a lei e depois que seja cada um por si até que daqui a umas décadas tudo esteja a funcionar correctamente? Infelizmente nós vivemos num país dominado pela inércia e recheado de exemplos legislativos em que a lei em si é boa, mas apenas se for acompanhada por uma reforma de fundo que permita o seu total funcionamento. Não adianta ter um carro com um potente motor se o chassis não o suportar!

E porque não aplicar todas as forças, energia e dinheiro numa política preventiva do aborto? Sejamos honestos, após o referendo de 1998, o governo socialista, apoiante do SIM, sentiu-se derrotado, e como que num acto de birra política decidiu nada fazer para implementar o resultado da vontade dos Portugueses, prevenção e planeamento familiar! Depois os seguintes governos de direita, pouco dados a questões sociais, também nada fizeram.
Eu, como o eterno romântico que sou, acredito sempre numa última oportunidade para mostramos que somos melhores. E digam que não seriamos um real exemplo para o mundo se o "Não" vencesse, e tivéssemos a coragem de apoiar essa vitória com medidas reais, essas sim necessitam de muito mais esforço, dedicação e até mesmo apoio financeiro!
A nossa população envelhece cada vez mais, escolas fecham por falta de alunos, falta mão-de-obra, faltam sorrisos nos jardins de infância! Porque não apoiar as famílias carênciadas que decidam ter as suas crianças em vez de financiar quem opte pelo aborto? Descontos nos impostos, educação gratuíta, acompanhamento familiar, livre entrada em museus teatros ou exposições. Incentivar que se tenha a coragem de criar uma criança! Agilizar os processos de adopção, para não acontecerem exemplos tristes como este último do sargento Luís Gomes, e se facilitar a inserção das crianças em famílias que tanto as desejam.
Sim, eu sei que me podem dizer que isto é uma situação muito bonita, mas completamente utópica. Mas eu recuso-me a desistir de sonhar e a ir por um caminho que me parece de verdadeiro facilitismo, sim porque ao legalizar-se o aborto este vai ser usado como método contraceptivo, quer se queira quer não.

Quanto às questões morais, sendo católico practicante, e apenas o sou porque acredito realmente, não consigo ainda admitir o aborto como um processo natural de resolução de um suposto problema. Não sei o futuro, posso mudar de opinião e ver que estava errado, sou um ser em constante mutação e crescimento, mas neste momento sou completamente contra o aborto.

Por último, caso se despenalize o aborto, que este seja apenas realizado pelo sector privado, quem o quiser realizar que pague do seu bolso, os meus impostos não servem para atentar contra a vida. A actual legislação já contempla todos os casos excepcionais que eu acho têm direito ao aborto (violação e por aí fora...)

Aires desculpa esta desmesurada ocupação de espaço, mas o aborto é uma questão que mexe bastante no meu interior e que eu gosto muito de debater. Ainda bem que tiveste esta iniciativa.
Cumprimentos, um grande abraço.´
Flávio

 
At 9:00 da tarde, Blogger airesff said...

Fjose,

Se a tua questão é "Achas correcto usar-se o aborto como um género de segunda pílula (no caso de irresponsabilidade do casal)?" eu respondo que não - definitivamente não!

Mas a questão não é essa; a questão é

Tendo em conta que efectivamente temos 20 000 abortos por ano (estimativa), qual o quadro legal mais adequado para combater estes números?

Flávio,

"Quem nos garante que as medidas de aconselhamento e acompanhamento pré-aborto serão realmente tomadas?"

Os próprios políticos não se atreveriam a dar um tiro no pé. Por ambição natural querem estar no poder o maior número de tempo possível, pelo que não se atreveriam a 'dar uma mão' à vitória do SIM e ao mesmo tempo fugir às responsabilidades. As estatísticas vão ser oficiais caso o SIM ganhei, e isto é uma forma de pressão nos mediadores (política/hospitais). Vão ser identificadas zonas de 'risco', etc.

"como é que se vai fazer um acompanhamento do aborto?"

Só com estatísticas oficiais e relatórios efectuados por médicos e técnicos é que podemos seguir o exemplo dos países da Europa de forma a atacar as causas da melhor forma! Como podes fazer planeamente/etc de forma correcta se toda a gente aborta ilegalmente? Achas que as pessoas se vão oferecer para explicar a sua situação sabendo que estão à margem da lei?

"Ou vamos lançar a lei e depois que seja cada um por si até que daqui a umas décadas tudo esteja a funcionar correctamente?"

O poder da opinião pública é enorme. Quem vai querer ver o aborto legalizado sem controle e estruturas adequadas à sua práctica? Os governos caem por coisas menores...

"E porque não aplicar todas as forças, energia e dinheiro numa política preventiva do aborto?"

Isso é o que se fez já cá e lá fora - não resultou em lado algum (que eu saiba). A explicação é simples; mais uma vez quem vai querer dar feedback (contar os motivos da sua vontade de abortar - tão importante para determinar as causas e correlações com as vidas das pessoas/idade/zonas/etc) se o aborto for ilegal?

"A nossa população envelhece cada vez mais"

Estás a deixar que a emoção te confunda! A França é o país com a segunda maior taxa de natalidade da Europa e, no entanto, o aborto já foi legalizado há 25 anos.

"Agilizar os processos de adopção, para não acontecerem exemplos tristes como este último do sargento Luís Gomes, e se facilitar a inserção das crianças em famílias que tanto as desejam."

Sem dúvida! Aí está algo muito importante! Antigamente as crianças sem pais eram adoptadas rapidamente por famílias com posses e tinham uma vida muito feliz - hoje em dia a lei põe os entraves que mencionas, acabando por as prejudicar.

"legalizar-se o aborto este vai ser usado como método contraceptivo, quer se queira quer não."

Não. Só se a tua tese for que os portugueses são uns broncos! Tal acontecerá em casos particulares (como aconteceria de qualquer das formas), mas não de forma geral.

Volto a repetir que:

1. O que interessa é diminuir o número de abortos (o qual nunca será zero, nem na sociedade mais perfeita) e para isso adoptar o caminho mais eficaz, independentemente da nossa moral e gostos.

2. É errado assumir que a legalização funcionará como incentivo para abortar.

"A actual legislação já contempla todos os casos excepcionais que eu acho têm direito ao aborto (violação e por aí fora...)"

Isto é contraditório com a posição mais comum do NÃO. Explico isso num futuro post.

Obrigado pelo comentário! :)
Abraço,
A.

 
At 5:39 da manhã, Anonymous Anónimo said...

grande Post Aires...:)
agora vamos entrar...:P


"Por último, caso se despenalize o aborto, que este seja apenas realizado pelo sector privado, quem o quiser realizar que pague do seu bolso, os meus impostos não servem para atentar contra a vida. A actual legislação já contempla
todos os casos excepcionais que eu acho têm direito ao aborto (violação e por aí fora...)"

Para isso, Flávio MIguel, entao nem é preciso haver votaçao: isso ja acontece: os ricos vao a espanha abortar, os pobres abortam nos varoes...uma das consequencias do sim é exactamente evitar isso: Uma igualdade de condiçoes: quem quuiser ter mais conforto, condiçoes, etc etc etc, vai a uma clinica privada, quem não quiser, vai ao publico, mas pelo menos ambos praticam um aborto em segurança, e no caso do segundo, é viavel para todas as classes sociais...

Dizes que "os meus impostos não servem para atentar contra a vida"

exactamente, os teus impostos nao servem para atentar contra a vida: Servirao para melhorar a Qualidade de Vida de outras pessoas: o nao ao aborto é um atentado á qualidade de vida de quem nao quer ter o filho e ao filho.
A questão é: colocas a Vida em frente da Qualidade de Vida? entao se sim, nao concordas com a eutanasia, nem com a pilula do dia seguinte suponho.

Mas quem é que tem de concordar com a eutanasia? tu? ou as pessoas que a querem/vao praticar?

Porque não despenalizar o aborto?? afinal, se nao estás de acordo com ele, não o pratiques, mas nao obrigues toda a gente a não o poder praticar...

A liberalização, a meu ver, é o acto mais "desiguista" que existe, exactamente por isso: deixar que não sejamos nós a decidir, para deixar a porta aberta a quem quiser, fazer a escolha que quiser.

Cumprimentos, e boa Noite,
Jorge Leitao

 
At 2:20 da tarde, Anonymous Anónimo said...

'O número de abortos clandestinos e realizados anualmente em Portugal apontam para números na casa dos 20 mil'
Este será aproximadamente o número de pessoas que recorrem ao aborto clandestino em Portugal por não terem possibilidade económica de o fazer num hospital aqui ao lado em Espanha. Este é o nível a que a discussão deve ser efectuada e quanto a mim a pergunta deveria passa pelas seguintes questões: Acha que tem o direito de condenar à prisão estas 20 mil pessoas (defino aqui pessoa viva como uma humana na idade fértil)? Acha que tem o direito de lhes negar assistência médica por não terem possibilidade económica de ir a um outro país qualquer (de entre vários na Europa)?

Se me responderem que sim concordarei então que são indivídios dotados de uma superioridade divina à qual nunca tive o privilégio de pertencer. Neste caso apelaria também à intervenção fervorosa deste mesmo grupo de pessoas em todas as questões que envolvessem a perda de vidas humanas (podemos discutir uma escala depois) dado que a humanidade necessita de uma moral absoluta urgentemente.

Mas é claro que isso já existe! A moral religiosa, que sempre se tem debatido ao longo se séculos pela vida sagrada (aqui não sou eu que defino vida. São Eles!:))


Desculpem a divagação:)

Um abraço Aires

 
At 12:48 da manhã, Blogger airesff said...

Anónimo,

Para a próxima tens de assinar o comentário, para eu poder retribuir o abraço.
Aqui segue a resposta às tuas questões.

"Acha que tem o direito de condenar à prisão estas 20 mil pessoas (defino aqui pessoa viva como uma humana na idade fértil)? "

Não.

"Acha que tem o direito de lhes negar assistência médica por não terem possibilidade económica de ir a um outro país qualquer (de entre vários na Europa)?"

Não.

 
At 8:17 da tarde, Blogger airesff said...

Fjose,

Discordo de tudo.

"Agora resta saber se as famílias PS estão metidas nestas clinicas de aborto e deste negócio chorudo."

A actual proposta lei do PS prevê que não vai ser possível efectuar publicidade a clínicas. Vão lucrar? Se os ricos querem gastar o dinheiro em clínicas privadas, o 'problema' é deles... Que seja! Negócios chorudos são outros :) Olha, as telecomunicações!

Abraço,
A.

 
At 10:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Como sempre muito esclarecedor.. Parabéns pelo texto e pelos post.. Só quero aqui recordar que quem condena, ou seja quem apoia a actual lei está a levar à barra dos tribunais não só quem tem a decisão de abortar, 20 mil segundo a estatística, mas também todos os profissionais de saúde ou não que os praticam, será que Portugal tem orçamento para isto também? Será que Portugal tem orçamento para ter tantas pessoas nas prisões? Acho k ate seria necessário construir prisões, pelo k sei não temos prisões para tantos "assassinos"..LOL Isto tudo para responder à questão dos impostos para abortos.. A segunda questão que queria frisar, é k alguém disse aqui que falta sorrisos no jardim escola.. Será que crianças que não são desejadas pela própria mãe conseguem sorrir? Eu acho que não, melhor, eu tenho certeza que não.. Não vivam na ilusão de um mundo cor-de-rosa e acordem para a realidade.. Não é a proibir que se consegue seja o k for, já no tempo de Adão e Eva o fruto proibido era mais apetecido.. O Aborto é uma situação muito dolorosa para a mulher, ela não o fará se tiver outra hipótese.
Beijo
Helena Soares

 
At 2:56 da manhã, Blogger eia said...

ai bem nao aguento! é so mesmo pq nao aguento, pq a serio, eu amanha tou de partida po Porto, inda tenho 1 mala pa arrumar, um sono pa por em dia, pq senao alem de actualizar o meu blog inda expunha aki a minha opiniao sobre esta questao que ja foi resolvida com o 'sim', de forma assim mesmo mto construtiva e logica mas é q n tenho tempo.
questoes aparte, o resultado ja ta decidido é verdade. m deim ao trabalho de ler estes comentarios e no ultimo uma senhora/rapariga o q seja, diz isto:

'Só quero aqui recordar que quem condena, ou seja quem apoia a actual lei está a levar à barra dos tribunais não só quem tem a decisão de abortar, 20 mil segundo a estatística, mas também todos os profissionais de saúde ou não que os praticam, será que Portugal tem orçamento para isto também? Será que Portugal tem orçamento para ter tantas pessoas nas prisões? Acho k ate seria necessário construir prisões, pelo k sei não temos prisões para tantos "assassinos"..LOL Isto tudo para responder à questão dos impostos para abortos..'

é q LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

mas sera q esta senhora nao sabe q nenhuma mulher foi presa em Portugal por ter cometido um aborto para dizer'Será que Portugal tem orçamento para ter tantas pessoas nas prisões?'???????? LOOOOOOOOL
sera q ela sabe q as mulheres q foram julgadas praticaram abortos com 7 e 8 meses?? 7 E 8 MESES?? sera q ela n sabe q ng gastou dinheiro em prisoes c nenhuma pq mais uma vez, ng foi preso? por favor!!! e sera q tb ng sabe q daki a 3 meses sera aprovada uma lei q deixa de considerar o aborto cmo crime despenalizando.o?

enfim n vale a pena mesmo. uma pessoa deve votar com consciencia sim e eu orgulho.me de ter posto ali a minha cruz no NAO mto informada. lamento q ng saiba q a questao precaria d nosso país em termos de aborto se irá manter na mesma. lamento q realmente hajam pessoas q possam pensar q o mundo é realmente cor d rosa neste caso, Portugal um país sub.desenvolvido sem meios para o q s irá fazer, mantendo.se o tao temidooo aborto clandestino.

enfim...la esta nao tenho tempo MM e ja escrevi demais =x m Aires por acaso axo q levantaste uma tematica mto interessante a qual eu keria ter feito um comment maior e mais construtivo, dsc mas realmente n tive tempo. pq apesar de partilharmos ideias opostas é inegavel a clareza na tua exposiçao. sou contra m reconheço o teu post limpo e mto bem estruturado.

termino dizendo q esta questao é mto complexa e sensível, e nao podemos de forma alguma, generalizar casos isolados de pessoas q praticaram abortos por falta d informacao e por desorientacao com pessoas q eu conheço (um total de 10), q abriram a boca cheia para dizerem q ja fizeram 7 ou 8 abortos na boa. nao somos tds iguais e cada caso de cada mulher n é igual. as motivaçoes q a levam. e n m venham com 'é mto sofrido' pq por favor, ha casos e casos! e mais. hoje em dia so engravida quem quer. nao estamos n seculo 19 em q nao existiam nem metade. ah é verdade,

'entramos no seculo 21 =))

como hoje o senhor Louça o disse.

so me indago com uma coisa. a qual tou extremamente curiosa. qual será a nova maxima do bloco de esquerda (ao qual eu chamo carinhosamente de partido do aborto)???

eu voto drogas!! e voce?

enfim..nao resisti =x

******Aires talvez ate amanha =)

 
At 3:08 da manhã, Blogger eia said...

ah ja ag n li o comment da senhora ate ao fim pq logo ali morri a rir, mas tenho mesmo q citar isto pq n aguento:

'Não é a proibir que se consegue seja o k for, já no tempo de Adão e Eva o fruto proibido era mais apetecido.. O Aborto é uma situação muito dolorosa para a mulher, ela não o fará se tiver outra hipótese.'

afinal primeiro diz q o fruto proibido é o mais apetecido ou seja, as pessoas fazem mais abortos ou sentem.se tentadas a faze.lo pq ele é proibido (LOOOOOOL), e dp diz q ela n fara se nao tiver outra hipotese....entao n era pq era o caso d fruto mais apetecido? é q ja tou TODA confusa :s LOOOOOL
enfim se calhar parece sei la o q estas minhas observaçoes mas é q a serio, deve ser d exames do tanto q queimei a minha cabeça a estudar q n entendo MESMO este comentario enfim.

******

 

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