sábado, junho 02, 2007

Universidade do Porto lidera

Não sou formado na escola de Sócrates. Felizmente também não o sou na escola de Guterres ou na de Durão Barroso. A Universidade do Porto é não só a maior do País, como a melhor em muitas áreas. Em alternativa Google It.

O espírito dos anos 80

Give me more tragedy, more harmony and phantasy, my d*e*a*r
And set it alight, just starting that satellite. Set it alight!
Antigamente havia um espírito de amizade diferente. As pessoas juntavam-se nos cafés, conversavam até de madrugada e vibravam nos concertos. É bom conseguir recuperar isto com algumas pessoas - os meus colegas e amigos de trabalho, os amigos de sempre e os amigos novos.

Yes - Owner of a lonely heart // Sandra
A-Ha - Manhattan Skyline // Flávio
Alphaville - Sounds like a melody // Filipa
Prefab Sprout - Hey Manhattan // João
A-Ha - Take on me // Sara
Duran Duran - Ordinary World // Moi
Alphaville - Fallen Angel // Luís
Echo and the Bunnymen - Nothing lasts forever // Cris
Billy Idol - Sweet Sixteen // Sílvia
OMD - Sailing on the seven seas // Li
Spandau Ballet - True // Telmo
Alphaville - Big in Japan // Mónica
Hall and Oates - Man eater // Paulo
Talk Talk - It's my life // Ana Luísa
Men at work - Who can it be now // Daniel Jorge
FYC - She drives me crazy // Pedro B
Duran Duran - A view to a kill // Daniel Filipe
The Curch - Under the milky way tonight // Ana
OMD - Enola Gay // Filipe
Echo and the Bunnyman - The killing moon // Moi

Nota: Não há necessariamente correlação entre o título de cada música e o nome à frente, apenas uma associação a um (ou mais) estados de espírito vividos por essas pessoas. Esta compilação 80's foi-me inspirada pelo Luís e a Filipa e é dedicada a todos.
I said: I want you, Baby,
I said: I want some more
I said: I never ever felt it like that moment before
She´s an assassin,
She´s melting steel in my heart
But I beg for more.
She said: I want your body,
She said: I want your soul
She said: A fallen angel takes it but she´ll never let go
She´s an invader -
She´s from another world
But I beg for more and more

sábado, maio 26, 2007

20h in 24h



So kind of you to bless us with your effortlessness
We're grateful and so strangely comforted

quinta-feira, maio 24, 2007

3 meses

Três meses ausente.
Tudo o que tenho para dizer no que respeita à sociedade valium (a sociedade actual) está pintado de cores pouco vivas. Hoje, o melhor mesmo é partilhar um som!

E que tal David Bowie?

New love - a boy and girl are talking
New words - that only they can share in
New words - a love so strong it tears their hearts

To sleep - through the fleeting hours of morning

[CHORUS]
Love is careless in its choosing
Sweeping over cross a baby
Love descends on those defenceless
Idiot love will spark the fusion
Inspirations have I none
Just to touch the flaming dove
All I have is my love of love
And love is not loving

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

O amor é um buffet!



Triste é ver que agora o amor é uma espécie de buffet, olhamos à volta, tiramos o que queremos e deixamos abandonado, numa qualquer prateleira, o que não nos interessa.Como há muito produto para este novo tipo de clientela, a escolha é fácil e rápida. Não há tempo a perder! Como em tudo. O amanhã chega rápido demais e aí já estaremos preocupados com uma nova selecção.




... Bem, só vejo uma vantagem, aqui dificilmente se formam filas.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Assim não!

Humor e crítica geniais ao mesmo tempo.

sábado, janeiro 27, 2007

Uma contradição vulgar

Uma contradição comum nos argumentos das pessoas 'pró-vida' (a maioria dos que votarão NÃO) é o dar como (moralmente) correcta a actual lei que permite o aborto em casos 'excepcionais'.

Mas como pode ser isto? O filho que surge após uma violação não é 'vida sagrada' como um filho que resulta da vida dos pais? O feto com problemas de formação não é uma vida tão 'sagrada' como um adulto paraplégico?

Esta contradição assume contornos mais obscuros quando me apercebo que são as pessoas 'pró-vida' na questão do aborto as mesmas pessoas 'pró-morte' na questão da pena de morte. Outra contradição?

A vida é 'sagrada' ou não afinal? Se não, qual o tipo de vida que é 'sagrada' para um católico, por exemplo? (pergunta feita a quem acredita no 'sagrado'.)

Eu acredito que apenas num quadro legal de IVG se poderá diminuir o número de abortos total a médio e longo-prazo (ver Blasfémias e Gisela Nunes). Pessoalmente considero o aborto uma situação muito penosa para uma família (especialmente para a mulher). Contudo tenho de ter coragem para colocar a emoção e moral de parte e substitui-las pela ética, isto é, por aquilo que convém à Humanidade.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

11 de Fevereiro com consciência social

A Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) - ou aborto - é uma questão de uma respeitável complexidade. Costumo comparar este assunto e o flagelo dele resultante à criminalidade associada às drogas. Com a diferença (além das evidentes) que no combate às drogas não há uma questão ‘moral’ de fundo.

Mas, tal como questão das drogas, há o mesmo número de confusões, preconceitos e visão curta que tornam a discussão tanto mais desagradável quanto maior fôr o número de interlocutores. Há também a tendência de generalizar a partir de casos isolados (tipicamente casos extremos e raros) de forma a baralhar a discussão.

Eu aqui evitarei essas tácticas argumentativas comuns. O meu objectivo é fazer o leitor indagar na questão de um outro ângulo e não sugerir uma orientação de voto. No final farei um pequeno comentário aos posts que Prof. Pedro Arroja tem escrito sob o assunto no Blasfémias.

A pergunta do referendo é basicamente se concordamos com a IVG até às 10 semanas. Isto é, se concordamos que em certas situações (previstas pela legislação ainda a definir mais precisamente - por exemplo na Alemanha, três dias de ponderação obrigatórios estão previstos antes da decisão final), a mulher tenha a possibilidade de interromper (ou parar, para ser mais preciso) a gravidez.

O primeiro erro de interpretação desta pergunta tão simples quanto ambígua (quais as políticas de planeamento e prevenção a adoptar?) que tenho observado é pensar-se que o governo está a consultar a opinião de cada eleitor para assim definir uma 'moral'. Por outras palavras, esta interpretação assume que:

1. Se o 'sim' ganhar, significa que venceu a ideia de que abortar é uma coisa natural;
2. Se o 'não' ganhar é porque prevaleceu a ideia de que a vida do feto é sagrada.

Esta interpretação não faz sentido. Não fomos chamados a um referendo a realizar dia 11 de Fevereiro para definir uma tabela de valores, ou para ajudar a comunidade científica a decidir se existe 'vida' num feto de 5 semanas e se esta vida é sagrada, ou não. Esta comunidade dispensa bem (e ainda bem) a opinião dos leigos.

Isto que acabo de dizer é trivial, mas tenho visto licenciados a raciocinar nestes termos. Esta atitude é pouco solidária, pois o aborto é uma realidade que afecta a sociedade como um todo e, como tal, deve ser pensada com consciência social e não de forma egocêntrica e moralista.
Nota: A única crítica negativa a esta interpretação da pergunta é negar-se a realidade triste a que assistimos nos países mais pobres e em Portugal em matéria de aborto, pelo que vou assumir que o leitor aceita a validade do meu raciocínio.
Mais ainda; não existe um consenso científico acerca do momento em que o feto passa a ser uma 'vida humana' em pleno direito.
Nota: Há essencialmente duas perspectivas:

1. A vida humana começa mal haja a junção dos cromossomas do homem e mulher, i.e. aquando do encontro do óvulo e espermatozóide. 2. A vida começa na concepção, mas só é 'humana' quando o feto desenvolve o sistema nervoso central entre outras faculdades, de forma a que possa sentir o seu ambiente com uma consciência distinta do ser humano (diferente da de um animal irracional que também a tem). Assim um feto com 5 semanas, por exemplo, é um ser vivo com potencial humano, no sentido que irá ser um ser humano em breve.

Apesar de achar esta discussão entre a fronteira da Ciência e Filosofia muito estimulante, vou deixá-la de parte visto ser como sabores de um gelado ou doutrinas cristãs; cada um escolhe o que preferir, sem deixar que daí resulte confusão para a sociedade ou motivos para 'guerras'.
Estando razoavelmente claro que as questões de ordem moral não são as mais relevantes para atacar este problema, qual a interpretação correcta a fazer-se da questão do referendo e como decidir o que votar, então?

A minha sugestão é: qual das opções 'sim' ou 'não' e as devidas consequências socio-políticas vai diminuir, a médio e longo prazo, o número de abortos total [*] no País? O voto deve ser concordante com a resposta que encontrarmos.

Antes de continuar vou dar a referência principal para os dados que vou mencionar: o blogue a cargo de Gisela Nunes que, apesar de ser um blogue do 'sim', tem imensa informação de legislação e dados sobre Portugal e o resto da Europa.

Vamos agora analisar alguns argumentos (esquecendo os de ordem moral) de cada lado com um pouco mais de pormenor. Entre chavetas encontram a minha crítica.

O lado do não:

I. Se o 'sim' ganhar, o aborto será banalizado aumentando o número total de abortos, logo é negativo para a sociedade.

II. Se o 'não' ganhar, far-se-à políticas de prevenção que ajudarão a diminuir o número total de abortos, o que é positivo.
{(I) Este cenário é tão pessimista que se torna irrealista. Os jovens e adultos dificilmente usarão o aborto como uma segunda pílula do dia seguinte. (II) Algo duvidoso. Não foi o que Guterres e outros pensaram há 7 anos atrás?}
O lado do sim:

I. Se o 'não' ganhar nada mudará. Não mudou desde o último referendo realizado em 1998, pelo que a inércia provavelmente mantêr-se-à. {este argumento é o mesmo que o anterior}

II. Se o 'sim' ganhar e as medidas correctas (ver exemplo abaixo) forem adoptadas, tal como na França ou Alemanha (ver Blasfémias ou o blogue de Gisela Nunes), serão identificadas as causas com mais precisão, podendo dar-se um feedback activo à sociedade (por exemplo, no meio escolar) de forma a atacar essas causas.
{(I) Portugal não é a França ou a Alemanha. Não tem os meios financeiros par executar todas as medidas desejáveis de forma célere e ao mesmo tempo. Apesar disto, a pressão no Governo após os primeiros números oficiais sairem será tanta que terão de o executar. (II) Concordo. Mais ainda, as estatísticas oficiais oferecerão uma noção mais aproximada da realidade social.}
Exemplo de uma 'medida':

"O aspecto essencial desta proposta está na criação legal de um «período de aconselhamento obrigatório» da responsabilidade de um médico, seguido de um período de reflexão mínimo de três dias da mulher que quer abortar. Ora, considerando que muitos abortos que por aí se fazem se devem à imaturidade das grávidas, sobretudo das mais jovens, à falta de alguém com quem se possam aconselhar, à violenta pressão psicológica a que frequentemente são expostas pelo namorado/companheiro, à falta de informação sobre alternativas, nomeadamente a adopção (que necessitaria de ser legalmente agilizada e desburocratizada), em suma, ao isolamento próprio destas situações, a existência de alguém que pudesse quebrar esse isolamento e sugerir outras alternativas ao aborto, poderá contribuir para uma decisão que não seja a que é aparentemente mais fácil, e diminuir, de facto, os números do aborto em Portugal. Naturalmente, que isto só poderá ocorrer num quadro de despenalização do acto, sem o que ninguém se atreverá a confessar a outrem a sua intenção de praticar um acto ilícito que a pode levar à cadeia."
(Rui, Blasfémias)
Saber o número total de abortos legais é, de per si, um indicador mais fiável do que os números que temos agora, pelo que, ao contrário do sugerido por Pedro Arroja e outros, a (futura) notícia nos meios de comunicação do número de abortos assistidos pelo SNS não incomodará ninguém e só jogará a favor da transparência:

"Os dados oficiais mais recentes indicam que, em 2004, foram realizados 1426 internamentos em hospital por aborto clandestino [...] na sequência de complicações de saúde. [...] Em segundo lugar, a lei actual é ineficaz em dar resposta ao problema do aborto clandestino: as estimativas quanto ao número de abortos clandestinos e realizados anualmente em Portugal apontam para números na casa dos 20 mil."

Tendo dito isto tudo, penso ter dito o suficiente. Espero que este texto tenha contribuido para de alguma forma esclarecer o que está em causa nesta questão do aborto. Acima de tudo espero que quem nunca tenha pensado em termos de realidade social (os abortos nos meios mais pobres no vão das escadas, etc.) e consequências do 'sim' e do 'não', o possa fazer agora.

Para terminar, aqui fica o prometido comentário aos recentes textos publicados no Blasfémias.

É de lamentar que alguém com o conhecimento da sociedade que Pedro Arroja tem, siga a via mais fácil numa discussão desta natureza: lançar poeira para os olhos das pessoas fomentando o medo (sugerindo que se o 'sim' ganhar, o Governo e os apoiantes do 'sim' serão os primeiros a sofrer as consequências mal sejam publicadas as primeiras estatísticas oficiais) e debitando banalidades como 'a Ciência é o novo Jesus Cristo, mas o original é melhor'.

Sugiro a Pedro Arroja que siga o exemplo dos seus colegas do blogue (os do 'sim', 'não' e 'nim') e discuta o essencial! Há quem prefira Jesus Cristo, naturalmente. É bastante mais poderoso; a lei de Arquimedes e a gravidade não deixam a fraca Ciência (que é dependente de todas essas teorias bem testadas) caminhar sobre água! Maldita Ciência que empobrece o espírito...

(fim)

[*]

Paremos um pouco para reflectir. Isto que eu disse faz algum sentido? Este é o momento em que nos deparamos com o pior dos preconceitos: o nosso preconceito. É um bocado como quando estamos ao pé do abismo e nos chamam a atenção.

i. Os que forem mais 'moralistas' tenderão a dizer que não: que interessa o número total de abortos? Interessa o aborto em si como acto!

ii. Os mais pragmáticos e conhecedores da realidade social irão achar o 'acto' em si menos relevante quando comparado com o que os rodeia; não continuam as pessoas a abortar?

Ambos concordarão que o aborto (legal ou ilegal) é uma decisão pesada para uma família e que deve ser apenas feito após bastante ponderação. Deixo ao critério do leitor decidir qual das duas visões (i. ou ii.) é mais justa e solidária.

You must shine on in the hearts of men


so you can change them.

domingo, janeiro 21, 2007

desmistificações

A propósito dos médicos que dão a sua opinião sobre a IVG dando a entender que há um consenso científico acerca deste assunto: é curioso ter encontrado a mesma opinião que dei esta noite num jantar.

Ver também:

- O exemplo de França (o país com a 2ª maior taxa de natalidade da Europa). O que aconteceu após a legalização da IVG há 25 anos atrás?

sábado, janeiro 20, 2007

consciência individual vs consciência 'social'

O desafio que o próximo referendo representa não é tanto o de irmos votar numa convicção pessoal, na nossa definição de 'vida', ou seja o que fôr da esfera da consciência individual.

O desafio em causa é votar com consciência social e pragmatismo. Isto porque uma mulher que seja 'religiosamente' contra a IVG não erá fazê-la, apenas porque é legal até às X ou Y semanas. Da mesma forma, a mulher que não pense assim e tenha os meios financeiros irá fazê-lo de qualquer das formas. Bem-vindos à realidade!

A questão é, portanto, se o impacto a longo prazo do IVG é positivo; isto é, se o número de abortos diminui com base num 'planeamento familiar' mais consciente. Na França o impacto foi positivo. Na blogosfera, a Gisela Nunes tenta esclarecer estas e outras questões (de consciência social) no sim-esclarecido.

Com efeito, o meu apelo é: deixem a 'moral' em casa (sei que é difícil) quando forem votar e substituam-na pela 'ética'.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

happy

Quem estiver a sorrir como eu e tenha uma criança por perto, contagie-a.

Trinidad, Cuba 1998

importante

É sempre importante quando descodificamos um mistério, um problema, uma pessoa; algo que seja importante para nós! Hoje consegui isso e, para 'festejar', fui ao cinema ver um grande filme (Babel, Alejandro González) e agora dedico-me uma música - uma festinha ao ego!

Hum... Qual vai ser? Pode ser a 'Tonight Tonight' dos famosos Smashing Pumpkins.

Time is never time at all
You can never ever leave without leaving a piece of youth
And our lives are forever changed
We will never be the same
The more you change the less you feel
Believe, believe in me, believe
Believe that life can change
That youre not stuck in vain
Were not the same, were different tonight
Tonight, so bright
Tonight
[...]
Well crucify the insincere tonight
Well make things right, well feel it all tonight
Well find a way to offer up the night tonight
The indescribable moments of your life tonight
The impossible is possible tonight
[...]

sábado, janeiro 06, 2007

os extremos tocam-se,

como um anel que 'dá a volta'.

1. 'Eu vou estar sempre aqui, nada vai mudar.'
2. 'Nunca estarei cá, tudo mudará.'

quem canta 'seus males espanta'

Lips are turning blue
A kiss that can't renew
I only dream of you
My beautiful

Tip toe to your room
A starlight in the gloom
I only dream of you
And you never knew

Sing for absolution
I will be singing
And falling from your grace
ooh

There's no where left to hide
In no one to confide
The truth burns deep inside
And will never die[...]

Sing for absolution, Muse

mentalidade emergente

Hoje em dia já (nos países desenvolvidos) não se coloca o problema de acesso à informação. A questão é antes outra; o que fazer a tanta informação?

Não existe melhor laboratório para estudar esta questão do que o mundo dos 'jovens' - como se comportam hoje em dia? O telemóvel, gps, www, formas interactivas de comunicação, televisão digital, google, etc. são uma rede de informação e comunicação integrada absolutamente funcional e práctica.

Um exemplo trivial: estava na Fnac a procurar um certo tipo de música cubana moderna. Sabia que a banda que procurava era a mesma banda da música seis de uma dada banda sonora. Naturalmente tive a ideia de enviar uma mensagem a um amigo a perguntar se estava perto do computador. Caso estivesse {não estava, mas obrigado na mesma, Sara} a resposta surgiria em segundos no google...

Os mais novos talvez não usem tanto o telemóvel para tirar dúvidas culturais.. Eles próprios criaram uma nova linguagem (com muita abreviação e pouca pontuação) que eu tenho dificuldade em seguir. Irmãos mais novos de pessoas que conheço contam-me as aventuras na 'internet' - os 'namoros' que começam e acabam sem que se conheçam pessoalmente - o poder da comunicação é brutal.

Na antiga Grécia chamaram a atenção para um facto relacionado com a comparação entre o 'presente' e o 'passado' e formularam um 'paradoxo' cujo nome não recordo. O enunciado, contudo, é simples. Posso formulá-lo assim; o passado parece-nos sempre mais 'belo' e 'ordenado' do que o presente, visto que chega até nós já estruturado (os pais que nos contam, um livro que lemos, etc.). Já o presente é vivido integralmente em tempo real e, por isso, parece-nos caótico.

Apesar disto, começo a acreditar que a minha velha 'tese' (a qual seria facilmente desmontada usando o argumento mencionado) começa a ter um fundo de verdade; a quantidade de informação e de facilidades nos dias de hoje começam a ser de tal ordem que boa parte das pessoas já não as consegue processar tendo, por isso, dificuldades em agir racionalmente perante uma situação particular.

Poucas ferramentas limitam. Muitas ferramentas confundem.

Brave New World... Do you remember? :)

sábado, dezembro 30, 2006

Saddam

Não há limites para a hipocrisia do homem. Desta vez com requintes de malvadez. Iraque continua em guerra civil. Continua a ser verdade que existe um "contexto" para a transição para a democracia e o Iraque está longe...

quinta-feira, dezembro 28, 2006

a mulher que fugia sempre

(estória ficcional dedicada)

Chamava-se Helena.

Apetece dizer que fugia não só do mundo, mas dela própria. Na primária quando a abordava surgia sempre algo que nos separava. Uma chamada dos pais para ela se preparar para sair mais cedo. Ou a professora que nos interrompe quando tinha ganho coragem para lhe dizer "gosto de ti". Uma outra vez um rapaz deu-me um pontapé nas pernas e fugiu - ela ficou a olhar para mim com ar indiferente e virou as costas. Havia algo de mágico naquelas 'despedidas'. Tenho impressão que o mesmo se passava com todas as outras crianças que dela se aproximavam. Ou, pelo menos, assim me convenci.

Um olhar vago, distante e inacessível. Parecia que nos olhava sempre de longe e de relance. Tudo a afastava das pessoas. Como se tivesse todo o acaso do Universo a seu favor. Seria possível? Habituei-me à ideia que sim; a probabilidade era minúscula, mas com tantos milhões de pessoas alguma teria de ter tal "circunstância" e a experiência sensorial mostrava que era a Helena.

Era claro que havia algo nela que a distinguia. Na quarta classe, perdeu-se-lhe o rasto. Dizia-se que algo de muito mau tinha acontecido e os pais haviam mudado de cidade... Indaguei nisto muito tempo. Questionei as velhinhas da paróquia mais próxima (que outro sítio para descobrir segredos enterrados?), mas sem sucesso - era novo demais.

Com efeito, ninguém mais a viu. Até um dia, vinte anos mais tarde...

Estava numa livraria no centro do Porto quando a avistei. Não queria acreditar: era ela! Só podia ser! As feições eram parecidas. O cabelo parecia diferente - estragado. Mas era ela. O olhar inconfundível. Estava de um lado para o outro, ora a olhar para o relógio, ora atenta à estante dos policiais. Novamente tive aquela impressão: ela estava a fugir de algo, mas de quê? Teria combinado encontrar-se com alguém e perdera a coragem? Seria uma paranóia de nascença da qual não se libertara mais? A curiosidade apoderou-se de mim.

Pegou num livro. Dirigiu-se ao balcão de pagamento e eu, discretamente, seguia todos os seus movimentos. Seria uma daquelas viciadas em policiais? A curiosidade rapidamente se dissipou - mal o livreiro desviou o seu olhar para ela, atirou o livro para balcão e fugiu em passo acelerado em direcção à rua.

Atrapalhado corri também em direcção à entrada. Onde iria ela? Estava perto da praça incomodada com os pombos - disse-lhes mesmo qualquer coisa que não consegui perceber. Dirigiu-se à estação de comboios. Colocou uma moeda na máquina e serviu-se de uma qualquer bebida quente.

De seguida deslocou-se à bilheteira. E que podia fazer eu, agora? Reconheci que a oportunidade era única e não se voltaria a repetir. Perdê-la-ia agora para sempre?

"Boa tarde. Quero um bilhete igual ao da senhora que acabou de sair daqui"

O funcionário achou piada ao meu atrevimento e, como um cúmplice num qualquer esquema kafkaniano, deu-me um bilhete para Braga sem dizer uma única palavra.

(continua)

you will never have me

O Estrada Perdida (David Lynch, 1997) é uma obra-prima do cinema norte-americano - o meu filme favorito. Trata da impossibilidade de se 'ter' alguém na plenitude. No final, após fazer amor com a mulher que ama no meio do deserto, a personagem principal ouve as seguintes palavras "youuu. willlll. never. have meee". Ao mesmo tempo ouvimos a música:
On the floating, shapeless oceans
I did all my best to smile
til your singing eyes and fingers
drew me loving into your eyes.

And you sang "Sail to me, sail to me; Let me enfold you."

Here I am, here I am waiting to hold you.
Did I dream you dreamed about me?
Were you here when I was full sail?

Now my foolish boat is leaning, broken love lost on your rocks. For you sang, "Touch me not, touch me not, come back tomorrow." Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?

Hear me sing: "Swim to me, swim to me, let me enfold you." "Here I am. Here I am, waiting to hold you."

segunda-feira, dezembro 25, 2006

where soul meets body

(Post dedicado)

De certa forma este encontro dá-se em todo o lugar. 'Soul' é aquela parte de nós supostamente desconhecida e a qual tem alimentado ao longo de milénios todo o tipo de fantasias. Tal como na música abaixo, também gostaria de viver nesse sítio; onde o romantismo não desaparece apenas por fazermos a identificação dos sentimentos ('souls' e outras transcendências) com o plano do real, do objecto, do material. O amor deixa de ser mais belo por isso? Não. Nem perde o mistério; o determinismo é de tal forma complexo que para todos os efeitos não está lá. Aliás esse 'saborzinho' a 'fatal' torna-o mais belo na minha opinião.
I want to live where soul meets body
And let the sun wrap its arms around me
And bathe my skin in water cool and cleansing
And feel, feel what its like to be new

Cause in my head there’s a greyhound station Where I send my thoughts to far off destinations So they may have a chance of finding a place where they’re far more suited than here

I cannot guess what we'll discover
We turn the dirt with our palms cupped like shovels
But I know our filthy hands can wash one another’s
And not one speck will remain

I do believe it’s true That there are roads left in both of our shoes If the silence takes you Then I hope it takes me too So brown eyes I hold you near Cause you’re the only song I want to hear A melody softly soaring through my atmosphere
Where soul meets body
[...]

-> soul meets body, Death Cab for Cutie